Contador dos Advogados

Quero pedir sua permissão para contar uma pequena, mas importante passagem na minha vida, que tem tudo a ver com a advocacia e certamente com você. Tudo começou quando decidi sair de coadjuvante para ser protagonista na minha própria vida. 

Você deve estar se perguntando o que quis dizer com isso, digo que por muitos anos fui procurado pelos meus clientes da contabilidade que me pediam para indicar um advogado. Certo dia a paciência acabou e resolvi me inscrever aos 40 anos de idade no curso de Direito na Universidade Uniban.

Decidido que precisaria estudar muito para que ao final do último ano já estivesse aprovado na primeira e segunda fase da OAB e graças aos meus esforços, apoio da família e dos amigos, terminei o curso e estava pronto para colar grau e pegar minha certidão para advogar.

O que pensei que fosse o melhor momento da minha vida, se tornou o meu pior pesadelo. 

Quando recebi a notícia que havia sido aprovado na segunda fase, resolvi mandar fazer na gráfica um portifólio sobre os meus mais novos serviços que viria a prestar a partir do ano seguinte e mandei para todos os meus clientes em especial aqueles que costumavam pedir indicações de advogados.

Mas cai do cavalo e aos poucos fui percebendo que nada havia mudado e ao perguntar aos clientes por que não me contratar e como resposta ouvi que precisaria ganhar experiência. Em resumo, você é um ótimo contador, mas não posso lhe confiar uma causa jurídica ao um recém-formado.

Confesso que isso me tirou muitas noites de sono, trouxe muita chateação e a obrigação de recomeçar do zero, do zero mesmo e então, assim comecei. Durante os primeiros anos peguei apenas causas pequenas sem valor econômico satisfatório, até que um amigo advogado me disse que o dono do escritório havia falecido e sua esposa também advogada precisava de um advogado trabalhista para ajudar nas causas em andamento.

Logo pensei, opa agora as coisas vão mudar!

Fui até o escritório e acertamos que eu iria assumir os processos, ajustamos os valores e aí disse, dei a sorte grande. O que eu não contava é com a falta de experiência com a forma de tributação do advogado autônomo, foi quando recebi meu primeiro valor relevante de honorários de sucumbência.

O que não sabia era que os honorários de sucumbência eram tributados pelo advogado, pensei que já havia sido retido os impostos na fonte na hora do recebimento. Me enganei e isso custou caro!

Meses depois cai na malha fina e ao invés de responder a notificação no prazo de 20 dias, acabei por colocar a notificação entre outros papeis e advinha o que aconteceu, isso mesmo, perdi o prazo e depois de mais alguns meses recebi o auto de infração. A importância somou 38 mil reais que parcelado em 60 meses, aproximou de 60 mil reais.

Então neste momento decidi que não poderia errar pela terceira vez, então fui estudar sobre a tributação do advogado autônomo, uma vez que ainda havia rendimentos a serem recebidos e advinha o que descobri, sim que a tributação do advogado autônomo é considerada uma das mais altas cargas tributária.

Agora tinha outro problema que precisaria ser resolvido imediatamente, foi então quando comecei a estudar sobre a Sociedade Individual de Advocacia e Sociedade de Advogados e para minha surpresa constatei que a tributação da pessoa jurídica é de longe, de longe mesmo, mais vantajosa.

Entre as vantagens destaco para a redução da carga tributária em até 25% dos impostos em relação a tributação do advogado(a) autônomo(a), ainda constatei que por meio da PJ poderia transferir meu plano de saúde de PF para PJ o que além de aumentar a rede de credenciada eu ainda pagaria menos de mensalidade.

Ainda no mesmo sentido, precisei trocar de veículo, uma vez que o meu já apresentava sinais de problemas que me fariam desembolsar uma boa quantia e não valia a pena. Então resolvi ir atrás de uma oferta para PF de um veículo que estava a procura e me deparei com o benefício de redução de 14% do valor sobre o preço praticado para PF algo em torno de 20 mil reais, não tenho a menor dúvida que a PJ oferta muitas vantagens e essa também é uma delas.

Ah outro ponto, percebi que ao centralizar meus recebíveis através de uma única conta corrente PJ seria possível ter a disposição os resultados auferidos no mês com exatidão, bem como saber exatamente o que pagar em relação as despesas e custos da PJ. Isso quer dizer que acabaria com a confusão patrimonial entre a Pessoa Física e Pessoa Jurídica.

Com isso foi possível viabilizar que a Sociedade distribuísse rendimento tributáveis ao titular ou sócios na quantia de um salário-mínimo nacional e o melhor, distribuir rendimentos isentos e não tributáveis do IRPF e INSS o que é uma ótima notícia.

Mas os problemas não acabaram aí! 

Precisaria abrir uma Sociedade e o prazo era curto e não daria tempo de receber por meio da PJ, assim consegui ingressar em uma Sociedade de Advogados já constituída e apta a operar para juntar meus substabelecimentos e posterior levantamento em nome da PJ e consequentemente aliviar a minha carga tributária.

O que era para durar cerca de alguns meses, acabou por durar alguns anos até que sai da Sociedade para seguir carreira solo e hoje tenho minha Sociedade Individual de Advocacia onde estou até a presente data.

É isso pessoal!

Uma jornada muito dolorida, repleta de muitos desafios e sofrimentos que acabou com um final feliz e você advogado e advogada pode tomar essa decisão de sair definitivamente da informalidade para constituir uma Sociedade e gozar dos benefícios ora mencionado anteriormente.

As coisas que eu deixei de comprar, as contas que deixei de pagar, as experiências que deixei de viver… e ainda ter caído na malha fina…são marcas já superadas mas que causaram muitas dores, não somente a mim e sim a toda minha família e pessoas que torciam por mim.

Não percam essa oportunidade! Ela diz mais sobre você do que nós e queremos lhe ajudar.

Marcelo Gomide